sábado, 11 de agosto de 2012

Aba, Pai!


Depois que me tornei pai, tenho vivido um amor que não conhecia. Um amor tão expressivo quanto os outros, porém diferente. Este parece ter nascido em uma parte ainda não utilizada do coração.
Quando meu filho chora, sinto sua dor... Quando gargalha, rio com ele. Quando está preocupado, acalmo sua agonia... Quando sozinho, me assento ao seu lado... Quando confuso, explico a ele o que ainda não entende. Quando em perigo, meus braços – um pouco mais fortes – o salvam. Esses mesmos braços não se cansam de cingi-lo, de afagá-lo, de cocegá-lo. Como ele gosta...!
– Este é o meu filho querido! – mostro a tantos por aí.
A Bíblia diz que Deus também é assim. Aliás, ao contrário de mim, Ele é um pai perfeito1! Sem um defeito sequer!
Jesus causou estranhamento e revolta em vários judeus quando chamou Deus de Pai2. Os judeus estavam acostumados com o SENHOR onipotente, soberano, excelso, santo... Mas Jesus mostrou-lhes que Deus também é amigo, confidente, pai3.


Deus e o Seu filho Jesus sempre foram um4. Quando Jesus sofria, Deus O consolava5... Quando Jesus falava, Deus ratificava6... Quando Jesus era perseguido, Deus O livrava7... Quando Jesus pedia, Deus O atendia, porque Jesus visava sempre a vontade santa do Pai8... A todo instante estavam juntos, em oração, propósito e amor9!
– Este é o meu filho amado, em quem tenho prazer! – disse Deus, sobre Jesus, várias vezes10!
Mas houve um momento diferente na História. Um apenas. Em Jerusalém, numa quinta-feira. Após Jesus repartir o pão e o vinho11, símbolos do que aconteceria a Ele pouco tempo depois, foi com os Seus discípulos a um jardim12. Ali pediu a eles que orassem. Em seguida Se afastou, Se prostrou em terra, profundamente triste, e clamou a Deus:
– Aba, Pai, tudo Te é possível; passa de mim este cálice; mas não seja o que eu quero e, sim, o que Tu queres13.
Do hebraico “abba”: “pai”, “meu pai”, “papai”...
E a vontade de Deus foi cumprida14. Jesus não foi poupado. Como um cordeirinho mudo, caminhou ao matadouro15.
À hora nona, gritou Jesus da cruz, antes de entregar o Seu espírito:
– Deus meu, Deus meu, por que Me desamparaste16?


         Como pôde Deus, o Perfeito Pai, ver a angústia sincera do Seu filho e não O salvar da morte? Por que, na hora mais difícil da vida de Jesus, Deus simplesmente Se calou?
A Bíblia nos esclarece: tudo fez parte de um gesto profundo de amor17! Tão desejoso de nos achegar a Ele, Deus entregou a vida do Seu próprio Filho como resgate pela nossa18. E, porque não suportou contemplar os nossos pecados, os quais Jesus levou sobre Si, Deus O desamparou por alguns instantes. Dura decisão para um pai... Maravilhoso presente para nós! O plano foi consumado19.
No domingo após a Páscoa, conforme prometido nas Escrituras, Deus ressuscitou o Seu Filho20. Depois de mais 40 dias, O levou glorificado para ficar à Sua destra21.
Este Deus, que Cristo chama de Pai, estendeu a Sua filiação a todo aquele que verdadeiramente crê no Seu Filho22.
 Ah! sim... agora filhos também, podemos desfrutar desse amor maior23! Um amor imensurável24! Que nos refrigera quando aflitos25... que nos consola quando tristes26... que nos preenche quando vazios27... que nos ensina quando enganados28... que nos supre quando necessitados29... que nos sacia quando sedentos30... que nos acarinha quando desprezados31... que nos levanta quando caídos32... que nos disciplina quando precisados33... que nos fortalece quando enfraquecidos34... que nos perdoa quando desviados35... que nos abençoa quando nele descansados36...


            Por causa desse infindo amor, podemos amar de forma paternal também37! Por causa desse singular amor, podemos viver de forma fraternal também38! Por causa desse formidável amor, podemos chamar o Pai de “Aba” também39!


                                                  Pablo Bernardes
              


Referências bíblicas que embasam o texto:

1) Mateus 5.48
2) João 5.16-18
3) Mateus 6.9 e 23.9
4) João 10.30 e 14.9
5) Lucas 22.43
6) Mateus 17.5; João 12.28 e 49
7) João 7.32 e 44
8) João 11.41-42
9) João 17.1-26
10) Mateus 3.17 e 17.5
11)  Lucas 22.14 a 20
12)  Mateus 26.36 a 42
13)  Marcos 14.36
14) João 6.38
15) João 19.17; Isaías 53.7
16)  Mateus 27.46
17)  João 17.22-23; Efésios 3.19
18)  Romanos 8.32; Gálatas 3.13-14; 1 Timóteo 2.5-6
19)  João 19.30
20) 1 Coríntios 15.3-4 e 6.14; 2 Coríntios 4.14; Filipenses 2.9-11
21)  João 1.12; João 3.35-36
22) Marcos 16.19; Hebreus 1.3; 1 Pedro 3.22
23) Romanos 5.8 e 8.38-39
24) João 3.16 e 15.13
25) Salmos 23.3a; 25.17; 68.19 e 118.5
26) João 15.26; Romanos 15.5
27) Salmo 90.14; Romanos 15.13; Efésios 5.18
28) Salmos 16.7; 25.4-5 e 27.11
29) Salmo 86.1
30) Salmos 42.1-2 e 63.1
31) Salmo 31.11-19
32)  Salmo 40.1-2
33) Salmo 94.12; Hebreus 12.4-7
34) Salmos 28.7; 46.1; 73.26 e 118.14
35) Salmos 25.18b e 78.38
36) Salmos 5.12 e 115.13
37) João 15.9 e 17.26
38) João 13.34; Romanos 12.10
39) Gálatas 4.6

3 comentários:

  1. Primo..Que Deus continue a te iluminar e abençoar com palavras tão lindas, para que através de suas escritas, possamos ser sempre abençoados também...
    Beijos...

    ResponderExcluir
  2. Amigo... hoje você é um homem, doutor e escritor, mas parece que é ainda aquele menininho lourinho de voz rouca, educadissimo, gentil e muito atencioso é assim que eu ainda o tenho. Fico feliz pelo o caminho que você estar traçando, mas quem te conheceu já sabia que não seria diferente, você mesmo pequeno já gostava de falar da palavra de Deus. Obrigada por esta linda mensagem e que Deus possa estar te dando muitas inspirações para anunciar a sua palavra, pois esta é a nossa missão. Deus te abençõe Pablo, abraço carinhoso meu e do Ronaldo Bernardes.

    ResponderExcluir