Certa tarde,
num imponente escritório de advocacia, chega um homem desesperado:
– Doutor, eu
preciso da sua ajuda. Matei minha mulher! A gente estava brigando muito... Ela
me tirou do sério... Fiz besteira.
Após alguns
dias analisando o processo, o advogado, famoso no país pelos casos difíceis que
reverte, propôs ao novo cliente:
– Minha
equipe descobriu alguns visitantes no seu prédio na noite do crime. Vamos
alegar, com base em indícios deixados e provas forjadas, que a sua esposa foi
assassinada por outra pessoa.
Algum tempo
passou e, descartada a inocência do marido, o advogado propôs nova solução:
– Vamos
dizer, então, que o crime foi passional. Preciso de tudo que demonstre o quanto
você amava sua mulher... Além disso, vamos alegar que ela estava tendo um caso
extraconjugal. Quero informações sobre ex-namorados e colegas de trabalho dela.
Mais uma
vez, a estratégia falhou. Na empresa da esposa, só trabalhavam mulheres, e o
único ex-namorado dela já tinha morrido.
– Bem... –
disse o advogado, preocupado – o que nos resta é enfocarmos o seu estado
psicológico naqueles dias... pressões no trabalho, problemas de saúde, dificuldades
financeiras... vamos pensar... preciso dos seus últimos atestados médicos, do
nome das medicações que você vem usando, da relação das suas horas extras...
Por fim,
graças à perspicácia daquele homem da lei, seu cliente escapou da pena de morte
e teve o castigo reduzido a poucos anos de prisão.
Não foi
assim comigo. Segundo a Palavra de Deus, Jesus – o Advogado Fiel – agiu de
forma diferente.
* * * * *
Certa tarde,
cheguei desesperado ao Seu escritório.
– Sr. Jesus,
eu preciso da Sua ajuda. Pequei contra Deus! Já menti muitas vezes, já desejei
o mal do próximo, já destratei amigos, já julguei tantas pessoas... Fiz
besteira.
Sem precisar
de alguns dias para analisar o processo, o Advogado Jesus – famoso em todo o
mundo pelos casos impossíveis que reverte – disse:
– Seu
problema é grave. Pela lei de Deus,
basta cometer um só pecado que você se torna culpado de todos... e as
iniquidades do homem fazem separação entre ele e Deus. Sabe qual o salário do
pecado, segundo a Bíblia?
– Qual? –
perguntei amedrontado.
– A morte! – respondeu o Advogado, seguramente.
– Mas a Lei de Deus é tão severa assim?
– Deus é tão santo e
puro que não pode contemplar mal nenhum, diz a Escritura sagrada.
– Estou
perdido então... – concluí,
desalentado.
– Sim,
está... – afirmou o Advogado fiel. – Mas eu conheço uma
solução. A única! E posso
ajudá-lo. Você só precisa confiar
profundamente em Mim.
Sem outra
opção – já que tudo de bom que eu fiz ou fizesse não apagaria a minha culpa
perante Deus –, resolvi entregar
meus cuidados àquele Advogado. Resolvi confiar a
minha vida e o meu futuro a Ele.
Enfim,
chegou o dia do julgamento. Na frente, Deus: o Justo Juiz. Do lado: o meu
Advogado. A primeira pergunta de Deus foi simples e direta:
– Você cometeu esses crimes?
Antes que eu
respondesse, meu Advogado pediu a palavra e afirmou:
– Sim, meu
cliente é totalmente culpado. Ele cometeu esses crimes e muitos outros.
Calei-me
extasiado! Afinal, o que aquele advogado queria? Me ferrar?
– Há algum
dado que abrande o que ele fez? – continuou o misericordioso Deus.
– Nada! Ele
é totalmente culpado – ratificou meu defensor.
Então o Juiz
abriu a Lei Maior e recitou: “a alma que pecar,
essa morrerá.” Baseando na
Sua Palavra, que nunca pode falhar, decretou a minha sentença: PENA DE MORTE.
* * * * *
Abaixei a cabeça, incrivelmente desiludido... enxergando de perto as consequências dos meus erros. Nessa hora, meu Advogado colocou a mão no meu ombro e cochichou:
– Você ainda
confia em Mim?
Levantei a
fronte e fitei o Seu olhar: estava muito tranquilo... Parecia saber o que
estava fazendo. Então lembrei que Ele era o Advogado das
causas impossíveis... daquelas que ninguém pode resolver. Por isso, derramei-me sinceramente a
Ele:
– Confio
sim! O Sr. é a minha luz,
a minha salvação! O Sr. é a minha esperança! É tudo o que eu tenho! É a minha
única chance de viver!
Ele sorriu e
pediu a palavra novamente ao atencioso Juiz:
– Caro
Meritíssimo, venho nesse momento não só reafirmar a culpa do meu cliente, mas
também fazer ao Senhor um pedido: que toda a culpa
dele recaia sobre Mim.
Silêncio no
tribunal. A plateia, que se achava satisfeita com a minha condenação, calou-se
de repente. Arregalei os olhos, sem acreditar...
– Por que
você está fazendo isso? – perguntou ao Advogado o onisciente Juiz, com jeito de
Quem já sabia a resposta.
– Simplesmente porque
Eu amo demais o meu cliente!
– Não!!! –
gritei. – o Sr. não pode fazer isso... O Sr. não merece...! O Sr. não fez nada
de errado!
– Eu sei,
querido amigo... é um sacrifício
voluntário!
Comecei a
chorar, inundado de profunda gratidão, enquanto o Advogado recebia a condenação
de morte no meu lugar!
– Este é o
Meu Filho amado, em Quem tenho prazer! – disse o gracioso Juiz ao final, olhando para Jesus.
* * * * *
Dias depois, a execução foi feita. O meu Advogado
recebeu sobre Si o castigo merecido pelos pecados que eu cometi.
Ele foi crucificado como um criminoso! A justiça foi feita... E eu, inocentado. Nenhuma condenação mais existe sobre mim. Todos os meus crimes-pecados foram pagos por Ele. Um gesto de sacrifício planejado pelo Juiz Pai e voluntariamente recebido pelo Filho Jesus. Um gesto de perdão... De bondade... De misericórdia... De graça... Um gesto, sobretudo, de profundo amor!! Não há outra explicação.
Pablo Bernardes
Nenhum comentário:
Postar um comentário