O E(u)vangelho de Hoje

         É chegada a hora. No camarim bem adornado e abastecido, das dependências de uma igreja, um pastor ajeita sua gravata de cetim. No rosto maquiado, estampa um sorriso amarelo.
            – Onde está a plateia? Por que o auditório ainda não se encheu? – reclama.




         Meia hora depois, a contragosto, assume o palco da igreja, apresenta verbalmente seu longo currículo, canta algumas de suas canções, prega utilizando um texto bíblico, propagandeia seus livros e CDs, recolhe para si algumas ofertas e vai embora murmurando:
            – Preciso escolher melhor onde ponho meus pés.

*          *          *          *          *

            A Escritura nos adverte que nos últimos dias – e cada vez mais – se levantarão líderes, até mesmo dentro de igrejas, os quais manipularão a Verdade segundo as suas vaidades e conveniências. Não pregarão o Evangelho de Cristo, mas qualquer outro que satisfaça aos seus sórdidos interesses.
            Que motivações os levariam a adulterar a Palavra revelada que Deus nos confiou?
           Várias, certamente. A falta de aprofundamento teológico, em decorrência de preguiça ou despreparo, é uma delas. Porém a principal e mais maquiavélica se veste de piedade, mas se chama GANÂNCIAGanância de poder, status, aclamação... Ganância de dinheiro, conforto, privilégios... Em nome de Deus, esses lobos usam máscaras de cordeiro para extorquirem seus súditos ou angariarem benefícios para si mesmos.



         Jesus não era assim. O que pregava... vivia. O que combatia, de maneira nenhuma, praticava. Quando ensinava, restringia-se à Palavra do SenhorNão mercadejava a Escritura nem o amor, ainda que isso lhe causasse feridas ou perdas.
          Sua “plateia” variava de centenas a uma só alma. Abrangia desde mestres da lei até crianças de colo. Mas o respeito e a consideração eram os mesmos, embora a remuneração fosse nenhuma. Jesus não tinha interesse próprio, apenas obedecia à vontade do Pai.
        Essa obediência absoluta fez com que o Evangelho anunciado por gerações e gerações fosse totalmente cumprido em Sua pessoa.
          Um Evangelho que disse: “haja luz!” e houve todas as coisas: o céu, os oceanos, o homem...
           Um Evangelho que viu cada eu e você dizermos: “não!” a Quem nos fez... E que viu a morte eterna ser decretada a todo pecador...
Um Evangelho que sorriu para nós dizendo: “eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”...
Um Evangelho que O levou à cruz sem compaixão mas por amor!



Um Evangelho que anunciou a Sua ressurreição e que anuncia a vida eterna a todos quantos crerem profundamente Nele!
         Hoje, cabem aos líderes e mestres, bem como a todo verdadeiro cristão, viver e propagar de modo simples, puro e genuíno as riquezas desse Evangelho de luz. Sem barganhas nem promiscuidades... Sem vantagens pessoais nem religiosidades fúteis...
Olhando para a cruz, não para si mesmos... Olhando para Jesus, não para o espelho.


                                     Pablo Bernardes
                                         (23/08/2013)


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