sexta-feira, 2 de novembro de 2012

De Volta ao Lar


Era um tarde de outono. Assim como as folhas, que caíam tristes das árvores, estava aquele pai. É que alguém vinha dele se despedir.

– Tem certeza de que quer ir, meu filho?

– Sim, pai, preciso conhecer outros mundos... experimentar outras sensações... me aventurar um pouco... Quero aproveitar a juventude e a vida! Um dia eu volto, não se preocupe... – disse o filho, decidido.

– Você quem sabe... Mas nunca se esqueça de que as melhores alegrias não estão lá fora.

Ainda assim, aquele rapaz, cheio de energia, ideias e ambições, jogou-se no mundo. Provou mulheres, luxos, vícios... Fez o que seu coração pedia. Sua felicidade foi se ligando aos prazeres que consumava e, por isso, ele nunca se satisfazia... nunca se pacificava.

Com o tempo, construiu um coração cada vez mais solitário, egoísta e hipócrita. Tudo lhe era descartável: as amizades, os amores, os sentimentos. Até que se cansou e resolveu voltar.

Quando se aproximava de casa, ouviu a voz do seu pai, serena, a cantar assim:

"Onde estás, filho meu?
              se aqui tudo é teu:
              os rebanhos, o pão,
              esse meu coração!

 Aonde vais, meu amor?
             Por que buscas a dor,
             se aqui no teu lar
             nada vai te faltar?!"

Então o filho entrou em casa, envergonhado e arrependido. Fixou os olhos no seu pai, sem ter certeza de como seria tratado. Mas aquele que verdadeiramente o amava abriu seus braços para recebê-lo de volta!

 – Seja bem-vindo, meu filho!



*          *          *          *          *

A Bíblia nos diz que, pela fé em Cristo, nos tornamos filhos de Deus1. Como filhos, somos herdeiros das promessas e da provisão do nosso Pai2.

 Por que muitas vezes, então, trocamos o Seu grandioso cuidado e carinho por aventuras e experiências que apenas nos trarão prazeres fugazes ou dor3? Por que nutrimos ambições e vaidades, se, no fundo, sabemos que elas são vazias4? Por que em alguns momentos optamos por fugir Daquele que só quer o nosso bem5?

 Ah, filhos pródigos6! Quantas vezes precisamos encontrar o fundo do poço para olharmos pro Céu7!



 Existem verdadeiras delícias nesta vida: um cafezinho no meio de um expediente de trabalho... uma massagem nos pés... uma risada espontânea... um gol aos 45 do segundo tempo... um bom almoço de domingo... um banho quente no inverno... uma viagem a passeio...

 Mas uma das maiores delícias – talvez a maior – é a volta pra casa. De onde quer que venhamos, a volta pra casa é um prazer imensurável! E, quando reconhecemos os nossos erros e pecados, e ouvimos a voz serena do nosso Pai a cantar no nosso coração, temos a certeza de como seremos tratados8. Porque Aquele que verdadeiramente nos ama abriu Seus braços um dia para nos receber de volta9!




Esses braços... ainda estão abertos10!


                  Pablo Bernardes




Referências bíblicas que embasam o texto:

1) Gálatas 3.26
2) Romanos 8.17
3) Lucas 15.13
4) Eclesiastes 1.3 e 2.11
5) Jonas 1.3
6) Lucas 15   
7) Salmo 51
8) Jeremias 29.12-13
9) Mateus 20.28; 1 Timóteo 2.5-6
10) João 6.35; 14.1-6


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