Dias desses, sentados à mesa,
aguardávamos o almoço que seria servido. Entre papos e risos, meu filho me contava
sobre seus últimos dias na escola: brincadeiras entre amigos, informações
apreendidas, experiências compartilhadas.
Enquanto falava, sem perceber (suponho),
esticou a perna e encostou o solado do tênis na minha calça, por baixo da mesa.
Por mais que tentássemos manter aquele calçado em adequado estado de limpeza,
eu sabia que alguma impureza certamente estava sujando minha vestimenta de
trabalho.
Numa reação automática, meu pensamento
transportou-me à lógica de quão importante seria eu preservar minha integridade
profissional, zelando pela roupa que, em partes, a representava. Porém, meu
outro hemisfério cerebral (aquele que recheia a razão de sensibilidade e
poesia), convenceu-me rapidamente a não desprezar o simples gesto expressado
pelos 6 anos de alguém para quem o pai ainda é um herói!
Evidentemente, sucumbi à doçura silenciosa
daquele olhar de menino, que parecia pedir o meu carinho, o meu tempo, a minha
intimidade! Pequenas grandes coisas...!
– Oh, meu filho, manche minhas calças o
quanto quiser... Só não me deixe jamais manchar o seu nobre coração!
* * * * *
Surpreendentemente, esta história que
vivenciei há alguns dias em casa foi escrita muito tempo atrás! Sim, escrita e
executada pelo grande Autor da Vida!
Deus nos gerou pelo poder da Sua Palavra1.
Com paciência e sabedoria, Ele nos tem sustentado dia após dia2. Desde
o princípio do mundo, derrama continuamente Sua bondade e misericórdia sobre
nós3! Desde o começo de tudo, Seu amor e Sua graça são abundantes4!
Este amor – tão grande amor – convida-nos
para sentarmos à mesa com Ele e cearmos em Sua presença como filhos5.
Porém, a maioria de nós tem outros planos pra si mesmo. A maioria prefere fazer
as próprias escolhas, trilhar os próprios caminhos6.
“Mas
a todos aqueles que receberem Jesus, como Salvador, pela fé, o Senhor lhes dá o
poder de se tornarem filhos Dele”.
(João 1.14 adaptado)
Ah!! Que boa notícia! Quão doce
esperança! Sermos resgatados do frio das ruas da solidão, do egoísmo, do medo,
da hipocrisia7... Sermos retirados do abandono dos becos do pecado, dos
fardos da lei, dos prazeres iníquos, do desamor8... Sermos adotados
para vivermos num lar que começa aqui e continua, para além desta vida, no Céu9!
Agora, como filhos queridos, podemos desfrutar
do cuidado de um Deus sempre presente10, da sabedoria de um Deus soberano11,
da intimidade crescente de um Deus maravilhoso12! Como filhos amados,
podemos ouvir os conselhos da Sua Palavra todos os dias e nos deleitar neles13!
Podemos confiar na Sua providência e socorro14!
Ele nos abrigará sob o cobertor paterno
da Sua bondade15, nos ensinará os caminhos que devemos seguir16,
nos consolará das feridas que um dia sofremos lá fora17. Ele nos
preencherá o vazio que havia no peito18, nos transformará os valores
tortuosos19, nos transbordará de amor e paz genuínos20! Um
amor e uma paz que, de fato, só emanam Dele21!
– Oh, meu Pai, obrigado por
me amar e me tornar Teu filho! Obrigado por me aceitar à mesa da Tua intimidade
e por me ensinar enquanto me deleito na Tua presença! Ajuda-me a não machucar o
Teu santo coração com os sapatos sujos dos meus pecados! Ajuda-me a viver –
verdadeiramente – como Teu filho!
Pablo Bernardes
Referências bíblicas que
embasam o texto:
1) Gênesis
1.26; Salmo 33.9, 13-15 e 139.14-16
2) Salmo
55.22; Mateus 6.26; Hebreus 1.3
3) Salmo
23.6; 33.5 e 145-9
4) Salmo
66.20
5) João
1.12; 1 João 3.1
6) Salmo
50.22-23 e 106.21
7) Salmo
119.29
8) Gálatas
3.13; Colossenses 1.13-14
9) João
14.1-3; Efésios 1.3-14
10) Salmo 40.17
11) Salmo
42.11 e 51.6
12) Salmo 25.14; Gálatas 4.6-7
13) Salmo 1.2; 16.7 e 119.16 e 24
14) Salmo 37.7; 57.1 e 59.16
15) Salmo 36.7
16) Salmo 32.8 e 119.59
17) Salmo 56.8
18) Salmo 90.4
19) Provérbios 3.6; Hebreus 12.5-8
20) Efésios 3.19; Filipenses 4.7
21) João 14.27; 1 João 4.10
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